Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Alvaro de Campos
PS- Bom fim de semana para todos, obrigado por tudo!
sexta-feira, 28 de março de 2008
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2 comentários:
Para ti também amigo... deves mesmo estar de rastos... já tou farto de te ver :))))))))) Ironia. Isso é muito trabalhar.
Beijo, lindo!
AR
Trabalha que és novo. Quando chegares à minha idade já não te arrastas! :)
Cristina
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